Zhong, da Nongfu Spring, Volta a Ser o Mais Rico da China
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Zhong Shanshan, fundador e presidente da gigante de bebidas Nongfu Spring, recuperou o posto de pessoa mais rica da China, impulsionado pela reascensão de sua empresa e por problemas familiares no principal rival, o Hangzhou Wahaha Group. Aos 70 anos, Zhong possui um patrimônio líquido estimado em US$ 65,7 bilhões (R$ 365,3 bilhões), baseado principalmente em sua participação na Nongfu Spring, segundo estimativas da Forbes.
O magnata ocupa o primeiro lugar na China na Lista de Bilionários em Tempo Real, ligeiramente à frente de Zhang Yiming, cofundador da ByteDance, que tem uma fortuna de US$ 65,5 bilhões (R$ 364,2 bilhões) graças à sua participação na controladora da plataforma de vídeos curtos TikTok.
O retorno do bilionário das bebidas ao topo da lista é resultado da valorização de 35,8% das ações da Nongfu Spring na bolsa de Hong Kong neste ano. Essa alta é sustentada por uma perspectiva mais otimista para o principal negócio da empresa — o de água mineral engarrafada — que havia sofrido no ano passado com o uso agressivo de descontos por diversas marcas, inclusive a própria Nongfu, na tentativa de atrair consumidores mais econômicos.
Neste ano, a expectativa é de que a pressão por descontos diminua, já que Pequim tem buscado conter guerras de preços em diversos setores para ajudar uma economia que enfrenta pressões deflacionárias, explica Kenny Ng, estrategista de valores mobiliários da Everbright Securities International, com sede em Hong Kong.
Como líder do setor, a Nongfu Spring também deve se beneficiar da tendência dos consumidores de estocar água mineral durante o verão, As plataformas chinesas de e-commerce estão oferecendo subsídios para expandir seus serviços de entrega de alimentos.
Em um relatório divulgado em julho, Tsang estimou que as vendas da Nongfu Spring crescerão 13,6% em 2025, alcançando 48,7 bilhões de yuans (US$ 6,8 bilhões, ou R$ 37,8 bilhões), refletindo também o bom desempenho da divisão de chás da empresa.
Conflito familiar enfraquece Wahaha e impulsiona Zhong
No ano passado, a receita ficou praticamente estável, em 42,9 bilhões de yuans (R$ 33,3 bilhões), já que a Nongfu Spring enfrentou o que descreveu em seu relatório anual como “um ataque e julgamento sem precedentes.”
O presidente Zhong já foi acusado de ter acumulado sua fortuna às custas do ex-sócio de negócios Zong Qinghou, falecido fundador da também gigante de bebidas Wahaha Group, sediada em Hangzhou. Apesar de Zhong ter negado as acusações, ele passou a ser alvo de críticas de alguns consumidores, que apontaram determinadas embalagens da Nongfu Spring de serem “pró-Japão”, por conterem, segundo eles, ilustrações inspiradas na estética japonesa.
As ações da empresa despencaram devido a esse problema de imagem e à guerra de preços, o que levou Zhong a perder o posto de pessoa mais rica da China.
No entanto, o cenário competitivo mudou neste ano e pode continuar favorecendo a Nongfu Spring, já que a administração da concorrente Wahaha enfrenta uma disputa familiar, afirma Kenny Ng, da Everbright Securities International.
O conflito está prejudicando a imagem da marca Wahaha. A empresa, de capital fechado, sempre foi retratada como um símbolo nacional, liderada pelo falecido Zong — um bilionário dedicado à família, em especial à filha Zong Fuli. Conhecida pelo nome em inglês Kelly, Fuli era tida como filha única de Zong. Ela o sucedeu como presidente da empresa no ano passado e também ocupa o cargo de CEO.
No entanto, uma ação judicial alega que Zong teria outros filhos. Três pessoas que afirmam ser meios-irmãos de Kelly Zong estão exigindo que ela crie fundos no valor de US$ 700 milhões (R$ 3,89 bilhões) para cada um deles. Segundo o site do Tribunal Superior de Hong Kong, uma audiência relacionada ao caso está marcada para 1º de agosto.
Hu Xijin, ex-editor-chefe do Global Times, jornal estatal chinês, disse na semana passada, que a imagem pública positiva do falecido Zong foi manchada. Kenny Ng, da Everbright, afirma que o processo pode desviar a atenção da administração dos assuntos empresariais — justamente quando a concorrência no setor se intensifica durante o verão.
A estrutura societária da Wahaha, no entanto, permanece intacta. Kelly Zong continua sendo dona de uma participação de 29,4% na companhia, herdada do pai, de acordo com o banco de dados corporativo local Qichacha. O maior acionista da empresa é um braço de investimentos do governo de Hangzhou, que detém 46% das ações. Os 24,6% restantes pertencem a funcionários da Wahaha, segundo os registros do Qichacha. O diretor-gerente do banco de investimento boutique Chanson & Co., Shen Meng, afirma que há uma chance de os acionistas ligados ao governo intervirem para evitar que a disputa familiar se agrave ainda mais.
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